Os primeiros passos no mercado de trabalho
Sexta-feira, 18 de agosto de 2023Certamente não nos lembramos dos nossos primeiros passos quando ainda criança, só ouvimos relatos dos nossos pais e familiares próximos. Lembrando ou não deste episódio tão comum e ao mesmo tempo grandioso para o ser humano, a questão é que aprendemos a andar. Ainda com o olhar voltado a nossa infância, talvez alguns já tenham dito a frase “não vejo a hora de crescer e só trabalhar” ou “quando eu crescer eu quero ser...” E então nós crescemos e procuramos meios de entrar no mercado de trabalho e talvez, mais tarde, meios de se recolocar no mercado. Seja qual for a opção, sentiremos sempre a necessidade de se reinventar, como aprender a caminhar pela primeira vez.
Lembrando um pouco do modelo fordista de produção, podemos captar por um momento a ideia de que “se reinventar” foi uma oportunidade prevista para os modelos de negócio, mas aparentemente não para os funcionários. Um certo escritor inglês chamado Chesterton escreveu para um jornal de Londres (The Illustrated London News), em 1926, que poderíamos nos questionar se fabricar parte de um alfinete é mesmo um empreendimento mais humano do que fabricar um avental inteiro, dando a entender que quando o homem em sua integralidade pode realizar o seu trabalho do início ao fim e não só uma parte dele, encontra significado no que faz, podendo fazê-lo cada vez melhor.
Agora podemos nos questionar se não trabalhamos apenas para “pagar as contas”, o que é uma verdade, mas não uma verdade inteira. A verdade inteira é que “pagar as contas” é muito bom, porém encontrar um significado no trabalho, é melhor ainda. Podemos dizer que o trabalho que realiza o homem é aquele que o homem realiza, em sua integridade, com significado. Ainda a este respeito, o mesmo escritor escreveu: “Há provavelmente determinado número de pessoas fazendo trabalhos que não completam. E talvez haja algumas pessoas fazendo trabalhos que não compreendam.”
É curioso que Chesterton tenha escrito, nos anos 20, a respeito do significado que buscamos ao iniciar no mercado de trabalho e que isto reflita nos tempos atuais, em que tanto se fala sobre saúde mental. Segundo o Logoterapeuta Viktor Frankl, buscar o significado da vida está diretamente ligado à saúde mental - "A saúde mental está baseada em certo grau de tensão, tensão entre aquilo que já se alcançou e aquilo que ainda se deveria alcançar, ou o hiato entre o que se é e o que se deveria ser”. Esta pauta se tornou um divisor para os jovens escolherem ou não emergir em certos ambientes profissionais. Que o trabalho é uma necessidade, todos nós sabemos, mas quando foi que começamos a colocar filtros para uma escolha profissional? Atualmente, comenta-se que esta atitude se tornou comum após a pandemia de 2020 e isto encontraria sentindo em uma frase de Frankl: “Quando a circunstância é boa, devemos desfrutá-la; quando não é favorável devemos transformá-la e quando não pode ser transformada, devemos transformar a nós mesmos.” E aqui voltamos ao “se reinventar”.
Sendo mais meticulosos ou não na escolha da vida profissional, é importante lembrar que cedo ou tarde é necessário fazer uma escolha e isto soa, de forma metafórica, como abrir uma janela pela primeira vez, ou seja, você terá uma nova vista onde é possível encontrar o que se quer, o que pode ser feito para alcançar e como realizar. O que se encaixa tão bem para aqueles que tentam se recolocar no mercado, dando novamente seus primeiros passos, começando mais uma vez. Aqui podemos compreender que o trabalho integral vai além das oito horas cumpridas em serviço, passa pela integralidade das competências que desenvolvemos, daquelas que levamos para o ambiente de trabalho e da integralidade das funções correspondentes entre pessoas mais novas e mais velhas que buscam caminhar na mesma direção.
Por fim, o ideal que cada um escolhe levar para a vida, torna-se capacitador de transformações, limitar-se é compreensível como estagnar e se os tempos modernos incluem que todos possamos nos tornar capacitadores da própria vida, em qualquer lugar que possamos atuar, independente de qualquer característica, o mercado de trabalho torna-se além de “pagar as contas”. “Se você não sabe qual é sua missão na vida, já tem uma: encontrá-la.” (Viktor Frankl).